“Proteção Divina: Oração de Bênção”

Queridos irmãos e irmãs, quero compartilhar algo com vocês que me tocou profundamente essa semana. Já fazem alguns dias, mas aquele momento ainda ecoa serenamente no meu coração. Era uma manhã de quarta-feira, sabe? Aqueles dias em que o sol decide apenas dar uma espiadinha por entre as nuvens, meio tímido, meio indeciso se quer mesmo aparecer.

Lembro-me de ter acordado com uma leveza especial, talvez fosse um pressentimento da graça que estava para acontecer. Depois de vestir meu traje de padre, aquele que já testemunhou tantas confissões e sorrisos, dirigi-me ao altar para um momento de oração pessoal. É um hábito meu, sempre antes das missas, falar um pouquinho com Deus, assim, bem de coração aberto, como quem conversa com um amigo muito querido.

E enquanto eu estava lá, absorto em minhas preces, entrou na igreja a Dona Maria. Ah, vocês devem conhecer a Dona Maria, uma senhora de sorriso fácil e fé inabalável. Ela se aproximou de mansinho, tentando não interromper, mas seus olhos… seus olhos falavam de uma urgência, de um desejo profundo por uma bênção.

“Bom dia, padre”, ela me disse com aquela voz suave que faz a gente se sentir em casa. “Será que o senhor poderia abençoar minha casa? Sinto que precisamos de proteção, sabe como é… as coisas andam tão incertas.” Lembrei-me então de algo belo sobre nossa fé: a maneira como ela nos une nos momentos de incerteza e nos oferece um porto seguro.

“Claro, Dona Maria,” eu disse, sentindo que aquele era exatamente um daqueles momentos em que Deus nos chama para sermos instrumentos de sua paz e proteção. Peguei minha estola – aquela um pouco desbotada pelo uso, sabe como é, nada permanece novo para sempre. Fomos até sua casa, que fica ali ao virar da esquina, perto da padaria do Seu João.

Chegando lá, fizemos um pequeno ritual de bênção. Eu recitei algumas orações – das quais parte esqueci e tive de improvisar um pouco, não se pode ser perfeito sempre, não é mesmo? Dona Maria segurava um pequeno crucifixo, aquele de madeira que parece ter sido feito por algum artesão local, certamente repleto de histórias para contar.

Durante a oração, meu pensamento voou. Lembrei-me de quando era criança e minha avó fazia orações semelhantes em nossa casa. Era como se cada palavra recitada tecesse uma capa invisível de amor e proteção ao redor de nossa família. E ali, na humilde residência da Dona Maria, senti aquilo novamente. Era palpável, como se, juntos naquele simples ato de fé, pudéssemos realmente invocar a proteção divina.

Antes de partir, Dona Maria, com lágrimas nos olhos, me ofereceu um café recém-coado. Oh, como recusar? Aquele aroma, aquele gesto simples, mas tão cheio de significado… Não é todos os dias que vivemos a fé de maneira tão palpável, tão próxima.

Partilho isso com vocês, queridos, porque acredito que essas pequenas interações, esses pequenos pedidos por bênção, são o que realmente fortalecem nossa comunidade de fé. Eles nos lembram de que, apesar de nossos defeitos e imperfeições, podemos ser conduítes da graça de Deus. Que possamos todos nos abrir para servir, para amar, para abençoar, sempre mais. Amém.