Hoje eu gostaria de compartilhar com vocês uma experiência muito especial que tive ao explorar os dons carismáticos em grupos de oração católicos. E peço licença, pois vou falar de coração aberto, como se estivéssemos em uma conversa na sala de estar lá de casa, com aquele café quentinho e o som do amor de Deus nos envolvendo.
Lembro-me bem de uma tarde ensolarada de domingo. Ah, que dia maravilhoso! Eu estava mais animado que uma criança em dia de festa. Fomos nos reunir na casa da Dona Maria, aquela senhora de sorriso doce que sempre coloca umas rosquinhas deliciosas na mesa. Quem já provou sabe do que estou falando! Pois bem, lá estávamos nós, um grupo animado de fieis, prontos para nos abrir aos dons do Espírito Santo.
No meio da oração, senti uma paz tão profunda que parecia que os anjos estavam sussurrando em nossos ouvidos. Estávamos todos de mãos dadas, cantando louvores. De repente, comecei a ouvir algumas pessoas falando em línguas. Foi algo tão sincero e natural que não houve espaço para estranhamento, apenas para a presença divina. Eu olhava para cada rosto e via lágrimas de alegria, sorrisos contidos, e um brilho nos olhos que só a fé pode trazer.
Ah, como não mencionar o Zé! Esse é o Zé, gente simples, trabalhador, que sempre foi meio tímido com essas coisas de carismas. Mas naquele dia, o Zé começou a orar com uma fervorosa confiança que jamais havia visto. Ele, que costumava se encantar na quietude, se abriu ao dom de cura e começou a impor as mãos sobre os amigos que estavam ali, pedindo por suas dores e angústias. E sabe o que foi mais lindo? Ver o Zé, com os olhos humildes, depois de cada oração, perguntando baixinho: “Você está melhor? Deus te tocou?”
Esses momentos me lembram como é fácil esquecer das pequenas intervenções de Deus em nossas vidas. O dom de profecia também estava presente. A Mariana, uma moça tão serena, começou a se pronunciar com palavras que tocavam tão fundo em nossos corações que parecíamos estar escutando o próprio Cristo. Enquanto ela falava, o meu pensamento divagou para um momento em minha juventude, quando estava em dúvida sobre os meus caminhos e uma prece simples de uma senhora me trouxe de volta ao propósito de Deus. Quem diria que tantas vezes as palavras que mudam vidas são dadas àqueles que nem sabiam que podiam profetizar?
E como o Senhor trabalha de formas misteriosas! Ao final do encontro, houve quem saísse dali com um coração mais leve, sentindo-se curado de preocupações. Houve quem recebesse uma orientação interior que buscava há tempos. E quer saber de uma coisa? Eu, que muitas vezes sou visto como aquele que guia, que carrega a palavra de Deus, fui tão tocado por cada um desses momentos quanto qualquer outro ali presente.
São nessas pequenas e imperfeitas interações que percebemos a graça divina. Pode ser no jeito que a Dona Maria nos serve um café, no sorriso renovado do Zé ou no olhar confiante da Mariana enquanto profetiza. Deus se revela em cada detalhe, em cada pequeno gesto de amor.
Que possamos sempre estar abertos e atentos aos dons que ele deseja nos conceder. E que nossa fé se renove constantemente, como uma boa conversa entre amigos, cheia de risos, confidências, e, claro, muita devoção.