Irmãos e irmãs, boa noite! Hoje, eu quero compartilhar com vocês um pouco da minha experiência como catequista, especificamente sobre uma jornada que fizemos com os nossos jovens em grupos de oração. Vamos sentar e conversar, como fazemos naquela roda de amigos depois da missa.
Uns tempos atrás, eu me vi diante de um desafio danado: como trazer nossos jovens mais perto de Cristo em um mundo tão tumultuado? E foi aí que, numa dessas reuniões da paróquia, alguém sugeriu formar grupos de oração. A princípio, confesso que fiquei meio cético. Vocês sabem, a garotada de hoje em dia tem mil e uma coisas na cabeça, o celular não para, a vida é um furacão de informações. Mas, pensei: “E se fizermos diferente? E se enterrarmos um pouquinho mais fundo?”.
Lá estava eu, numa quarta-feira qualquer, ainda meio perdido nas minhas reflexões, quando a Maria – vocês conhecem a Maria, aquela senhora de fé inabalável e bolo de fubá melhor ainda – olhou bem nos meus olhos e disse: “Você vai ver, meu filho, Deus faz a obra quando a gente menos espera”. E não é que ela tava certa?
A gente começou bem pequeno, só uns cinco ou seis jovens, todos tímidos, com um pé atrás. Logo na primeira reunião, senti aquele friozinho na barriga, sabe? Me peguei pensando: “Será que eles vão curtir? Será que consigo falar a linguagem deles?”. Mas aí algo incrível aconteceu. Durante a partilha, o Pedro, o moleque mais sossegado do grupo, abriu a boca e falou sobre a dificuldade que ele tinha na escola. Ele falou com tanta verdade, com tanto coração, que outros foram se abrindo também. Fiquei até arrepiado, meus amigos.
E ali, naquele momento, percebi que o segredo não estava nas palavras bonitas ou no formato cronometrado, mas na autenticidade das nossas partilhas. Quando a Júlia contou como ela se sentia sozinha, mesmo com centenas de amigos no Instagram, quase podia ouvir um sussurro de Deus dizendo: “É aqui, é agora, que Minha presença se manifesta”.
Sabem, em um desses encontros, uma das interações que mais me marcou foi quando João, um garoto esperto, sempre brincalhão, de repente ficou sério e disse: “Por que eu não sinto Deus como vocês sentem?”. No meu coração, eu não tinha a resposta pronta. Ali, no meio daquela biblioteca meio empoeirada que usamos, tudo o que saiu foi um simples “Deus tem o Seu tempo, João” e uma promessa: “Vamos buscar juntos”. No fundo, sentia um turbilhão de emoções, e enquanto olhava para ele, pensava como era difícil, mas maravilhoso, ver esses jovens querendo se aproximar de Cristo.
Os encontros foram crescendo, e com eles, nossa fé também. A gente ria, chorava, aliás, dá-lhe lenço de papel! E claro, faltavam alguns ingredientes pelo caminho, como nos rolezinhos de pizzada que acabavam em orações fora de hora e os “ops, esqueci a Bíblia hoje!”, mas é nessas pequenas imperfeições que Deus mostra a Sua perfeição.
Um dia, terminando o encontro, a Isabela veio até mim e disse: “Eu nunca imaginei que pudesse sentir Deus tão perto”. Foi aí que me dei conta, não era eu guiando eles a Cristo, mas Cristo usando cada um de nós para nos guiar mutuamente.
Meus queridos, se há algo que aprendi nessa caminhada é que a verdadeira evangelização nasce do coração, das risadas, dos desabafos e das fraquezas compartilhadas. Vamos seguir juntos, não com passos perfeitos, mas com passos sinceros, confiando que Ele nos guiará, sempre.