Hoje, quero compartilhar com vocês uma experiência pessoal que me tocou profundamente e que, acredito, ilustra bem o poder da oração e do serviço em nossas vidas. Era uma tarde de quarta-feira, e eu estava a caminho do nosso grupo de oração habitual. Sabe aquela sensação de paz que sentimos quando encontramos amigos queridos? Era isso que eu sentia enquanto caminhava pelo bairro, vendo os rostos conhecidos e sorridentes de nossos paroquianos.
Quando cheguei, vi a dona Maria já ajoelhada no cantinho dela, perto da nossa imagem de Nossa Senhora. Ela sempre chega cedo, sabem? Sempre com aquele terço já quase gasto nas mãos, murmura suas orações com uma devoção que me emociona cada vez que a vejo. Pensei comigo mesmo: “Olha só a fé dessa mulher, como é forte e inspiradora.”
Começamos nosso momento de oração, e senti uma energia diferente naquela tarde. Tinha algo no ar, uma presença de amor e compaixão que parecia mais forte do que o usual. Durante a oração, me lembrei de uma conversa que tive com o seu João na semana anterior. Ele me contava sobre a vizinha dele, a Dona Carmem, que perdeu o marido recentemente e estava passando por dificuldades financeiras.
E, sabe, me veio uma ideia—algo que senti ser quase uma sugestão divina. Por que não mobilizarmos nosso grupo para ajudar essa família? Quando terminamos a oração, compartilhei essa ideia com todos. A reação foi imediata e comovente. Vi lágrimas nos olhos da Joana, uma das nossas frequentadoras mais assíduas, e sem hesitar, ela disse: “Vamos fazer uma campanha! Podemos arrecadar alimentos e roupas para ela.”
E foi assim que tudo começou. Aquele fuzuê gostoso de planejar, organizar, recolher doações… cada um queria ajudar. Lembro até de Dona Lourdes, que, mesmo com as mãos artríticas, insistiu em fazer seus famosos pães caseiros para vender e arrecadar fundos. Sempre com aquele sorriso véinho e sincero que ela tem.
Passadas algumas semanas, com a mobilização de todos, conseguimos reunir muitas doações. Fomos até a casa da Dona Carmem, e, nossa, que cenário comovente. Ela nos recebeu com olhos marejados, e eu senti ali, naqueles minutos, que estávamos fazendo algo muito mais profundo do que apenas caridade. Era amor em ação. Em cada cesta, em cada pacote de arroz, em cada abraço e palavra de conforto, ali estava presente nossa fé viva e verdadeira.
Agora, permitam-me uma reflexão. Quantas vezes nos esquecemos de que a oração não deve ser apenas palavras, mas ações? Naquele dia, aprendi que quando oramos com o coração aberto, o Espírito Santo age em nós e através de nós. Cada gesto de carinho se torna uma oração em ação, um testemunho da nossa fé viva.
Queridos irmãos, é isso que eu queria compartilhar hoje. Que possamos lembrar sempre que a nossa missão aqui é servir, amar e ser a presença de Deus na vida dos outros. Se cada um de nós fizer um pouquinho, juntos faremos um mundo melhor.
Que Deus abençoe todos vocês, e que nunca nos falte a coragem para transformar nossa fé em gestos concretos de amor e serviço. Amém.