É uma alegria poder compartilhar com vocês um pouco sobre a renovação espiritual que os grupos de oração trazem para nossa paróquia. Já faz algum tempo que tenho observado com carinho e admiração como esses momentos de comunhão revigoram não só nossa fé, mas também a vida da nossa comunidade.
Lembro-me de uma terça-feira, estava ali, como de costume, sentado no último banco da igreja antes da missa das seis, tentando organizar uns pensamentos que teimavam em se misturar com o barulho dos carros passando lá fora. De repente, a porta da igreja se abriu devagarinho, e vi entrar a Dona Maria, com aquele seu jeito sereno e um sorriso que parece carregar uma paz que vem de outro mundo. Ela acenou para mim e eu, meio atrapalhado, devolvi o aceno pensando que deveria falar com ela depois da missa para saber como andavam as coisas.
Foi então que o pessoal do grupo de oração começou a chegar. Era um dia especial, pois iríamos iniciar uma nova novena. Vi o Seu João e aquele jeitão dele, sempre contando uma história engraçada antes de começarmos. Parece que ele tem um estoque interminável delas! E lá estava a Helena, empolgada como sempre, praticamente uma pilha de energia divina, se posso dizer assim. Ela puxou conversa sobre a coletânea de cânticos que estávamos precisando atualizar e mencionou um novo hino que tinha tocado seu coração. Conversa vai, conversa vem, e logo estávamos todos ali, prontos para mais uma reunião.
O que eu acho bonito nesses momentos é como cada um de nós traz um pedaço da própria vida para o encontro. Outro dia, me peguei lembrando de uma vez em que o Zé, com toda sua simplicidade, compartilhou uma experiência pessoal de fé que fez todo mundo se emocionar. Ele falou sobre como a oração do grupo o ajudou a atravessar uma fase difícil, algo que às vezes só compartilhamos com os amigos mais chegados. Naquele instante, percebi o poder transformador que esses grupos têm.
Durante as orações, meus pensamentos às vezes viajavam e eu me perguntava: “Será que estamos fazendo o suficiente para alcançar quem está lá fora, precisando sentir essa mesma paz?” E então, a resposta vinha nas pequenas ações, como o abraço acolhedor da Dona Maria, ou o chá que a Helena sempre preparava no final – um gesto simples, mas carregado de amor.
É claro que não são só flores. Tem dias que o cansaço bate, e que as preocupações do dia a dia parecem pesar mais. Mas é exatamente nesses momentos que a força do grupo se manifesta. Quando vejo o Senhor João partilhar uma palavra de encorajamento, a Helena puxando um hino que toca os corações, ou mesmo um simples sorriso entre amigos, testemunho o Espírito Santo agindo entre nós.
Essa revitalização que vemos aqui na nossa paróquia não é obra de um só, meus amigos. É fruto do nosso esforço conjunto, das nossas orações, dos nossos encontros semanais onde dividimos, até mesmo, nossas fraquezas. E é aí que está a verdadeira beleza: reconhecer que não estamos sozinhos nessa caminhada de fé, mas somos sustentados pela graça divina que se manifesta nas pequenas coisas, nos pequenos gestos, nas simples trocas de olhares – como aquele entre mim e a Dona Maria, que dá início a tudo isso.
Sigamos, então, fortalecidos pelo Espírito, confiantes no poder da oração e na comunhão que nos une. Que possamos continuar sendo instrumentos de renovação espiritual em nossa comunidade e além. Amém!