Minhas queridas ovelhas, hoje eu quero compartilhar com vocês uma experiência pessoal que mexeu profundamente comigo e, de certa forma, revolucionou a minha maneira de rezar. Há algum tempo, um amigo muito querido, o João, veio me procurar com um coração pesado, buscando orientação sobre como se livrar do mal que parecia rondar sua vida.
João, um homem de fé, me contou que sentia uma presença sombria, algo que ele não conseguia explicar, mas que realmente o atormentava. Eu lembro de estar tomando um café quente na cozinha da paróquia, aquele café que a Dona Maria sempre faz com tanto carinho — meio forte, sabe? — quando ele chegou meio que atropelando as palavras de tanta angústia.
Naquele momento, lembrei-me de uma passagem das Escrituras, algo que sempre achei reconfortante. Mas antes de qualquer coisa, sentamos ali, no banco da praça em frente à igreja, e eu o ouvi atentamente. Sentir-se escutado é também uma forma de oração, sabiam disso? Às vezes, estamos tão afogados nas nossas próprias preocupações que esquecemos o quão poderoso é esse simples ato de presença.
“Padre, como posso rezar para me livrar desse mal?”, ele perguntou, com olhos marejados. E foi aí que me veio à mente uma lembrança da minha infância, algo inesperado. Eu era bem pequeno, e minha avó sempre me ensinava a fazer o sinal da cruz ao acordar e antes de dormir, um gesto simples, mas cheio de significado. Pois bem, compartilhei isso com João, sugeri que ele começasse com algo assim, uma oração sincera e humilde ao acordar, pedindo proteção e força.
E falando nisso, quem aqui lembra das nossas procissões? Aquelas noites em que caminhamos todos juntos, com velas acesas, rezando o terço? Lembro-me do Zé das Couves, sempre na frente, com aquele jeito meio carrancudo, mas com uma fé que brilhava nos olhos. Sabe, esses momentos fortalecem nossa fé comunitária e pessoal.
Então, eu disse a João: “Comece a sua oração com gratidão, reconheça as bênçãos em sua vida, mesmo nos momentos difíceis. Agradeça pela proteção de Deus, peça que Ele o livre do mal e lembre-se das palavras de Jesus, que nos ensinou a rezar dizendo: ‘Livrai-nos do mal.'”
Lembram-se da Angela? Aquela senhora que sempre se sente na terceira fileira? Ela uma vez me contou que em tempos de dificuldade, ela reza o Salmo 91 antes de dormir. Há algo poderoso na repetição das palavras sagradas, elas dão forma à nossa fé e nos ajudam a nos sentir protegidos.
E, se me permitem uma pequena confissão, às vezes eu mesmo me sinto vulnerável. Nesses momentos, pego meu velho rosário — aquele que ganhei no seminário e que já perdeu algumas contas — e simplesmente deixo as palavras fluírem, confiando que Deus entende cada uma das minhas inquietações.
Minhas queridas ovelhas, rezar para se livrar do mal não é sobre seguir uma regra rígida, mas sim sobre construir um relacionamento íntimo e sincero com Deus. Mesmo nas fraquezas e nas imperfeições de nossas orações, Ele sempre está ali, nos escutando.
Então, lembrem-se sempre: sejam sinceros em suas orações, busquem a presença divina com um coração aberto, e nas pequenas coisas — como aquele café forte da Dona Maria ou o antigo rosário — encontrem o conforto e a luz que dissiparão qualquer sombra que ousar se aproximar.
Que Deus abençoe cada um de vocês e nos proteja sempre. Amém.
