Meus queridos irmãos e irmãs, hoje eu quero compartilhar algo que venho refletindo há algum tempo, e uma boa parte dessas reflexões surgiu durante uma dessas tardes simples, em que a gente aproveita um café e uma boa conversa com amigos. Estava eu lá, sentado na mesa da cozinha do Seu Antônio, um velhinho muito sábio da nossa comunidade. Ele sempre tem uma história ou outra pra contar, algumas até meio exageradas, mas sempre ensinadoras.
Bom, a conversa girava em torno de muitas coisas, mas aí a Dona Maria, uma vizinha nossa, soltou a pergunta: “Padre, qual é a melhor oração de proteção?” Essa pergunta ficou pairando no ar e me fez viajar um pouco para dentro da minha própria fé e das experiências que vivi.
Eu sempre digo que não existe uma fórmula mágica em forma de palavras que nos proteja, mas tenho algumas preferências pessoais, como todos têm. A oração de São Miguel Arcanjo sempre teve um lugar especial no meu coração. Lembro-me de uma noite, quando eu era apenas um jovem seminarista, em que estávamos todos reunidos para a oração da noite. Lá estava o Marcelo, um camarada que tinha um pavor danado do escuro. Ele, no auge de seu nervosismo, me puxou pelo braço e disse: “Reza comigo, que hoje essa escuridão tá demais pra mim.”
Segurei sua mão e começamos a recitar a oração de São Miguel Arcanjo: “São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate…” E sabe, a cada palavra que eu dizia, sentia um calor diferente no coração. Não era só a oração em si, mas sim a comunhão, a fé conjunta, o acreditar e o consolo que aquilo trazia. Marcelo foi se acalmando aos poucos, e aquela noite terminou em paz.
Pensando nisso, respondi à Dona Maria: “Ah, minha querida, para mim, a oração de São Miguel Arcanjo sempre teve um poder especial, mas qualquer oração, se feita com fé verdadeira, pode proteger e consolar.”
A conversa continuou e falamos sobre o quanto a intenção e o coração aberto fazem a diferença. Lembro de quando a Dona Marta, outra boa amiga, me confidenciou que sempre rezava um Pai Nosso antes de dormir. Era simples, nada elaborado, mas ela sentia uma paz imensa todas as noites. E isso é o que realmente importa, irmãos: a conexão que você faz com Deus, a fé que coloca em suas palavras, isso é o que nos protege.
Pra ser honesto, no meio dessa nossa conversa na cozinha, eu me perdi um pouco em meus próprios pensamentos, pensando em quantas vezes eu mesmo procurei consolo nas minhas orações e em como essas palavras simples podem transformar um coração aflito em um coração em paz.
Mais uma coisa, e aqui eu vou abrir meu coração pra vocês: não se preocupem tanto em encontrar “a melhor” oração. Às vezes, a melhor oração é aquela que surge espontaneamente no seu coração no meio da madrugada, quando as preocupações te impedem de dormir. Pode ser um simples “Jesus, me ajuda”, e, meus irmãos, saibam que Ele vai ouvir.
Voltando ao assunto naquela tarde com a Dona Maria e o Seu Antônio, terminamos nossa conversa com um bom café quentinho e uma sensação de leveza, fortalecidos pela certeza de que, independentemente das palavras, o que mais importa é a nossa entrega e a nossa fé.
Que todos nós possamos encontrar conforto nas nossas orações, seja qual for a forma que elas tomem. Amém.
